Um ano depois dos assassinatos de Dom Phillips e Bruno Pereira, a Amazônia continua ameaçada.O governo Lula deve proteger a floresta e seu povo

ValigiaBlu

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Há mais ou menos um ano, no dia 15 de junho de 2022, os corpos sem vida do jornalista de Guardião, Dom Phillips e Bruno Pereira, especialista brasileiro do órgão de proteção dos povos indígenas.Eles haviam desaparecido cerca de dez dias antes no vale do Yavari, na floresta amazônica, durante uma viagem para investigar a exploração da floresta e as crescentes ameaças a que estão submetidas as populações indígenas.

Um ano depois, os seus assassinatos parecem estar cada vez mais ligados aos interesses de grupos dedicados a atividades ilegais que os dois investigavam.O Vale Yavari – um dos lugares mais isolados do planeta, uma reserva de 85 mil quilômetros quadrados coberta pela floresta amazônica, sem estradas, onde você pode se deslocar navegando pelo rio e dentro da qual vivem aproximadamente 23 grupos indígenas que não possuem recursos externos contatos – é na verdade um território cobiçado pela pesca, caça, derrubada de árvores e mineração ilegal, e é uma área afetada por redes de tráfico de drogas na fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia.

No dia 5 de junho, a Polícia Federal do Brasil ele indiciou o considerado instigador dos assassinatos, Ruben Dario da Silva Villar, chefe de um grupo criminoso dedicado à pesca ilegal na floresta amazônica, e seu "braço direito", Jânio Freitas de Souza, acusado de também estar envolvido no encobrimento dos corpos de Phillips e Pereira.Os dois foram seguidos durante dias pela organização criminosa liderada por Silva Villar antes de serem mortos.

“Seus assassinatos foram consequências das políticas promovidas por Jair Bolsonaro, um presidente que foi sem dúvida o pior das últimas décadas no que diz respeito ao meio ambiente”, comentário em um artigo sobre Guardião Beto Marubo, coordenador técnico da “União dos Povos Indígenas do Vale do Javarii” (Univaja), principal associação de indígenas da região.Depois de ter trabalhado durante anos com o órgão nacional de proteção dos povos indígenas, FUNAI, em 2019 Pereira deixou o órgão, chateado com os cortes de recursos e gestores de Bolsonaro, para colaborar com a Univaja e ajudar a organização indígena a treinar equipes de vigilância territorial para documentar e denunciar pesca e caça ilegais.

Entre 2019 e 2022, sob o então presidente Jair Bolsonaro, o desmatamento no Brasil disparou.A nova administração de Luiz Inácio Lula da Silva prometeu limitar o desmatamento.

A principal causa do desmatamento é a pecuária.De acordo com um novo relatório do Bureau of Investigative Journalism (TBIJ), mais de 800 milhões de árvores foram derrubadas em apenas seis anos para satisfazer o apetite mundial pela carne brasileira, apesar dos alertas sobre a importância da floresta no combate à crise climática.

A indústria da carne bovina no Brasil sempre esteve comprometida em evitar a agricultura relacionada ao desmatamento, relatórios O Guardião.No entanto, os dados sugerem que 1,7 milhões de hectares da Amazónia foram destruídos nas proximidades de fábricas de carne que exportam carne para todo o mundo.

“O vale do Javari está no centro de uma convergência de interesses, incluindo tráfico de drogas, pesca ilegal, extração ilegal de madeira e atividades de mineração”, explica o ex-delegado Alexandre Saraiva, que trabalhou na Amazônia de 2011 a 2021.“Vivi como o Estado perdeu o controle da segurança pública no Rio de Janeiro.Hoje na Amazônia – se nada for feito em termos de segurança pública – nos encontramos diante de um Rio de Janeiro do tamanho de um continente, com o agravante das fronteiras com os principais produtores de drogas e um contexto de selva extraordinariamente difícil”.

Os dados coletados pelo projeto Bruno e Dom do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) sobre o impacto do crime organizado na Amazônia são desarmantes:

  • Em 2022, com mais de 8.000 mortes, a taxa de homicídios nos nove estados amazônicos brasileiros foi mais de 50% maior do que no resto do país, atingindo um nível semelhante ao do México.
  • No estado do Amazonas, onde Bruno Pereira e Dom Phillips e outras 1.430 pessoas foram mortas no ano passado, a taxa de homicídios foi 74% superior à média nacional.O ano de 2021 foi ainda mais violento, com 1.571 vítimas e uma taxa de mortalidade violenta de 36,8 por 100 mil habitantes, cinco vezes superior à dos Estados Unidos.
  • O número de pessoas mortas por policiais militares e civis cresceu 71% na Amazônia entre 2016 e 2021, ante 35% no restante do Brasil.A população carcerária da Amazônia cresceu 35,1% entre 2016 e 2022, em comparação com 14,1% no resto do país, ajudando facções dirigidas por centros de detenção a prosperar em prisões superlotadas.
  • As duas facções criminosas mais poderosas do Brasil – o PCC (Primeiro Comando da Capital) de São Paulo e o CV (Comando Vermelho) do Rio – operam hoje em todos os nove estados amazônicos.Além deles, existem pelo menos 15 outros grupos criminosos regionais.

Se é verdade que a violência é há muito “um traço distintivo da ocupação predatória da Amazônia”, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, lembrando os assassinatos de ativistas como Chico Mendes, em 1988, e Irmã Dorothy Stang, em Desde 2005, a “sobreposição de múltiplas formas de criminalidade” na região torna agora necessária uma maior presença do Estado nas regiões afectadas.“Se o Estado brasileiro não intervir com urgência e firmeza, teremos regiões [inteiras] administradas por traficantes de drogas”, comenta Beto Marubo.

Nesse ritmo, acrescenta Saraiva, a Amazônia será um território “de grandes conflitos entre grupos que competirão por áreas de extração ilegal de ouro e madeira.No meio de tudo isso, haverá vítimas indígenas.E enfrentaremos imensas dificuldades logísticas para combater isso”.

Uma vez eleito, o presidente Lula tentou envolver a Univaja.Em fevereiro, líderes indígenas se reuniram com o ministro dos Povos Indígenas de Lula, altos funcionários ambientais e autoridades policiais na sede da organização para trabalharem juntos na “recuperação do Vale do Javari”.

“Foi uma reunião importante, mas ainda não produziu ações efetivas”, comentário Beto Marubo novamente.“Uma equipe da Polícia Federal foi enviada para a região, mas não dispõe de recursos necessários para atuar nesta difícil área.Nós, líderes indígenas, pedimos - e esperamos ver - a Agência Ambiental, o Ibama, o exército, a marinha e outras forças de segurança tomarem medidas ousadas, claras e coordenadas.O trabalho de Lula em Javari deve ir além das ‘boas intenções’, assim como fez diante da situação crítica no território Yanomami mais ao norte.”

Enquanto isso, colegas e amigos de Dom Phillips e Bruno Pereira eles estão tentando fazer isso o trabalho do jornalista permaneceu interrompido Guardião e o ativista ambiental brasileiro.Entre estes, o jornalista especialista em meio ambiente e clima, Jonathan Watts, Eliane Brum (autora e cofundadora do Sumaúma, um site de informações da Amazon), Tom Phillips (correspondente para a América Latina do Guardião), Jon Lee Anderson (escritor de nova iorquino), Katia Brasil (fundadora da Amazônia Real) e Andrew Fishman (presidente e cofundador da Iinterceptar o Brasil). 

“Dom foi assassinado enquanto contava a história dos defensores da Amazônia sendo mortos.Deixar seu livro inacabado seria deixar os destruidores da Amazônia vencerem sem luta.Seria um desserviço ao seu legado e a tudo em que acreditamos como jornalistas”, disse Fishman.

A irmã de Phillips, Sian Phillips, disse que o projeto não é apenas um tributo duradouro ao trabalho da vida de seu irmão, mas também um recurso vital para continuar a aumentar a conscientização sobre as ameaças que a floresta amazônica enfrenta e as populações indígenas que a protegem:“Se Dom e Bruno não tivessem sido mortos, o livro teria sido importante para a conservação da Amazônia.Mas agora, graças ao clamor internacional causado pelos assassinatos, o potencial do livro é maior porque muito mais pessoas irão lê-lo”, disse ele.

No dia 5 de junho, exatamente um ano após seu desaparecimento, foram organizados vários eventos comemorativos.Ativistas da Equipe de Vigilância da Univaja (EVU), grupo de monitoramento indígena que Pereira ajudou a criar, atravessaram o rio Itaquaí para erguer uma cruz de sequoia no local onde Dom Phillips e Bruno Pereira foram mortos.

Imagem de visualização:Quadro de vídeo da Euronews via YouTube

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