https://www.open.online/2023/12/09/azerbaigian-sede-cop29-2024
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Baku, capital do Azerbaijão, sediará a edição de 2024 da COP, a conferência anual da ONU sobre mudanças climáticas em andamento só hoje em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.O anúncio ocorreu após meses de impasse, em que a Rússia Vladímir Putin exerceu o seu poder de veto para bloquear a candidatura da Bulgária, o primeiro país a oferecer-se para acolher a Cop29.Uma situação um tanto inédita, já que os locais do COP costumam ser escolhidos com pelo menos alguns anos de antecedência.De fato, em maio passado, as Nações Unidas confirmaram o local da Cop30, que acontecerá em 2025 em Belém, Brasil.Com base no mecanismo de rotação entre áreas, cabe a um país da Europa de Leste acolher a cimeira de 2024.A Bulgária foi a primeira a candidatar-se, mas o Kremlin opôs-se, argumentando que “nenhum país da UE seria imparcial em relação à Rússia”.Segundo o ministro búlgaro do Meio Ambiente, porém, o veto de Putin nada mais seria do que “uma retaliação pelas posições sobre a guerra na Ucrânia”.
Candidatura de Baku
O impasse foi quebrado pela decisão da Bulgária e da Arménia de retirarem a sua candidatura, abrindo caminho ao Azerbaijão.A escolha de Baku foi apoiada por todos os outros países da área e agora só precisa ser formalmente aprovada pelo plenário dos países da COP.Contudo, um certo descontentamento começa a espalhar-se no mundo ambientalista (e não só).O Azerbaijão, tal como os Emirados Árabes Unidos, é um “petro-estado”, no sentido de que baseia grande parte da sua economia nos combustíveis fósseis, os principais culpados da crise climática.No ano passado, o petróleo e o gás representaram 90% das exportações de Baku e a Itália também esteve entre os beneficiários.Em 2022, de facto, o nosso país importou 15% do seu gás natural do Azerbaijão.
A proposta de Al Gore
Segundo vários membros da comunidade científica e do mundo ambientalista, conceder aos países que baseiam a sua economia em combustíveis fósseis a possibilidade de acolher uma COP corre o risco de fazer com que todo o processo perca credibilidade e eficácia.Na cimeira em curso no Dubai, registou-se um número recorde de lobistas ligados ao sector do Petróleo e Gás:2.456, quatro vezes mais do que na conferência de Glasgow do ano passado.Quem propõe uma solução para este problema é o ex-vice-presidente americano Al Gore, que sempre esteve na vanguarda das questões climáticas.Em entrevista com Bloomberg, Gore sugeriu mudar o mecanismo de escolha do país anfitrião da COP, superando o sistema de direito de veto e garantindo que o secretário-geral da ONU também possa participar da votação.
Foto da capa:UNSPLASH/Lloyd Alozie