https://www.lifegate.it/afrika-project-il-brand-che-vuole-ampliare-il-significato-di-lingerie
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Lingerie é um termo que estamos acostumados a associaruniverso semântico feminino:aqui está o objetivo da marca espanhola Projeto África é dar um novo significado a esta palavra, demonstrando como qualquer pessoa e qualquer tipo de corpo tem o direito de se sentir bem com sua roupa íntima, mesmo que ela seja de crochê e o que ela cobre seja uma roupa íntima corpo masculino.No caso de Projeto África a lingerie é na verdade feita à mão por artesãos:o outro objetivo da marca é recuperar o trabalho de tecelão, o trabalho de amor que mães e avós realizam.“Queríamos reinventar a clássica colcha de crochê que adorna o sofá da família e usá-la como lingerie sexy”, explicam os dois fundadores, Agoney G.e Steff Adams.“Afrika é a avó que sempre teceu por amor e que nos ajudou a criar as primeiras peças da nossa marca”.
Projeto Afrika é o que faltava no mundo da roupa íntima
A marca aposta nas malhas e na lingerie, o que une estes dois segmentos e com qual se identifica mais?
Nossa ideia é transformar um ofício como a tecelagem manual, tirando-o de sua ortodoxia tradicional e transportando-o para o reino do sexy.Nos identificamos com as duas coisas, não produzimos apenas lingerie em crochê, mas também suéteres, tops e calças.Não descartamos futuramente fazer lingerie com outros tipos de materiais que não o crochê:neste momento estamos numa fase de experimentação e verificação daquilo que queremos focar.
Qual foi o ponto de partida a partir do qual você começou a abordar uma discussão ética sobre lingerie?O que você acha que falta neste segmento específico hoje?
Desde o início tivemos certeza de que queríamos uma marca que representasse nossos valores no que diz respeito ao consumo de roupas.Isto é, a utilização de materiais amigos do ambiente, mas também condições de trabalho justas para quem tece as peças e a criação de roupas que durem no tempo.A lingerie de hoje muitas vezes fica aquém de representar ou atender a uma ampla variedade de grupos:isso inclui pessoas com diferentes identidades de gênero e orientações sexuais, bem como aquelas que procuram lingerie versátil e ecologicamente correta.A indústria tende a concentrar-se num conceito restrito de beleza e muitas vezes ignora a diversidade de corpos e desejos.Isso deixa muitos consumidores sem opções que reflitam quem eles realmente são e o que desejam de suas roupas íntimas.
A sustentabilidade também é uma questão linguística e de imagem
Quais as maiores dificuldades que você encontrou para propor sua ideia de lingerie?
Primeiro encontre lãs ecológicas e amigas dos animais tingidas com corantes naturais:não foi tão fácil quanto esperávamos.O mercado de fornecedores destes materiais é uma espécie de pequeno tesouro escondido mas, dado que cada vez mais marcas estão se tornando ambientalmente conscientes, aos poucos percebemos o quanto esse segmento está crescendo.É ótimo fazer parte de uma indústria que está mudando nessa direção.E então há aquela palavra:"lingerie".As pessoas costumam associar esta palavra a roupas íntimas femininas:alguns se dão ao trabalho de nos escrever para nos dizer que estamos confusos.Dizem-nos que não existe lingerie para rapazes:lembramos-lhes que a linguagem é uma ferramenta viva e flexível que está em constante evolução.Nossa interpretação de “lingerie” é simples:são peças sensuais para quem quiser usá-las, independentemente do sexo.Não estamos a tentar impor rótulos, mas sim abrir a porta à moda sem género num mundo onde a expressão individual é fundamental.E, porque não, gostamos de pensar que estamos ajudando a atualizar o significado de uma palavra antiga.
Gênero e tamanho são temas quentes quando se trata de lingerie.Como você pretende trabalhar para tornar esse segmento mais inclusivo?
Tudo o que produzimos é feito à mão:Apesar de termos tamanhos standard na nossa loja online, perguntamos sempre aos nossos clientes se nos querem dar as suas medidas para criar uma peça de roupa mais personalizada:no Projeto África tecemos para todos os tipos de corpo.Para nós, o corpo “masculino” é na verdade apenas um canal de comunicação e de beleza para contar histórias e, como ainda é alvo de toda uma série de preconceitos que devem ser quebrados, utilizamos a imagem da nossa marca para colocar enfatizam e criam tensão em torno dos conceitos de masculino, feminino e vestuário em geral.
O compromisso político da marca
Qual o seu compromisso do ponto de vista da sustentabilidade ambiental e social?
Naturalmente temos um compromisso político e ético, e não creio que possamos iniciar um projeto desta natureza sem ter em conta o contexto social em que nos encontramos.O nosso objectivo é alcançar níveis mais elevados de igualdade e justiça na distribuição da riqueza, sem um sistema de produção sustentável não pode haver igualdade.Por isso o Projeto Afrika vai além da moda, é também um projeto político que busca gerar riqueza e igualdade:para a nossa marca e para as pessoas com quem trabalhamos.Não entendemos o mundo da moda como ele é:para nós, todos, desde o produtor, ao trabalhador, até ao consumidor final, devem beneficiar da cadeia de abastecimento.Acreditamos que o maior desafio que a moda enfrenta hoje é precisamente o de abordar um discurso político que coloque no centro a igualdade entre as pessoas e o respeito pelo ambiente.